domingo, 11 de dezembro de 2011

Refletindo sobre... POLÍTICAS PÚBLICAS E RAÇA

Com os estudos GPPGR módulo III, que abordou a temática “POLÍTICAS PÚBLICAS E RAÇA”, passei a ter uma idéia de raça, racismo, desigualdade, políticas públicas afirmativas bem diferente do que tinha antes dos estudos. Percebi como tinha uma visão restrita e irreal dessas questões no meu dia-a-dia e no meu modo de pensar em relação a várias problemáticas que envolviam ações que buscam “privilegiar” determinadas parcelas da população, como as cotas, por exemplo.
Percebi que na ignorância, que nos cerca pela falta de conhecimento, acabamos por ter pensamentos errôneos e até mesmo preconceituosos. Nunca havia entendido e nunca tinha buscado a entender o porquê de cotas para negros, o porquê das diferenças raciais que sempre é assunto em noticiários, o porquê de programas de saúde para a população negra, o porquê de ter que responder ou perguntar qual a cor ou raça em preenchimentos de fichas padronizadas, o porquê do negro se sentir tão discriminado, entre outros por quês, uma vez que na minha cabeça eu achava que o preconceito não existia por não ver locais públicas exclusivos para negros ou brancos, ou por não existir cargos públicos ou privados exclusivos, também, para negros ou brancos, ou por nunca ter visto uma discriminação “escancarada” contra um negro.
Nunca havia parado para perceber ou ao menos pensar na discriminação, no racismo cordial, intrínseca em nossa sociedade. Na discriminação que faz parte da história da população negra, que apesar de anos sem escravidão, continuam escravos da falta de reconhecimento, de oportunidades, de justiça. Continuam escravos de uma sociedade que muitas vezes, explicitamente ou implicitamente, vem perpetuando pensamentos discriminatórios, vem buscando um embranquecimento social, tanto fisicamente quanto culturalmente e socialmente, através de uma supervalorização que a sociedade faz em relação ao branco.  
Percebi que o que aprendi na disciplina de História do Brasil no ensino fundamental e médio, não era assim tão verdadeiro, aprendi que a Lei Áurea não foi assim tão importante para a abolição dos negros, aprendi que muitos já haviam conseguido sua alforria e que o simples documento assinado não os tirou da escravidão, apenas os trocou de escravidão. Deixaram de viverem escravos de seus “senhores”, para serem escravos da miséria, da pobreza, da discriminação, do preconceito, do racismo. Para serem escravos da luta constante pelos seus direitos, pela igualdade social, pela dignidade, pelo respeito como cidadãos que precisam e são capazes de trabalhar e continuar a contribuir para o crescimento do país, uma vez que, por muitos anos foram a maior força de trabalho no nosso país.
Analisando a trajetória política do movimento negro brasileiro, em seus diferentes ciclos de mobilização ao longo da história, assim como o do movimento de mulheres negras, foi possível perceber as estratégias de ação, os objetivos e as formas organizativas desses movimentos, assim como destacar as transformações identitárias e os principais desafios enfrentados na luta contra o racismo e o sexismo (por parte do movimento das mulheres negras), em favor da ampliação da cidadania a cidadãos que carregam até hoje a hipocrisia de um país que por muito tempo negou seu próprio preconceito, perpetuando desigualdade e discriminação através de uma dita “democracia racial”.
Percebo, agora, a importância do movimento negro na busca da inserção digna e efetiva da população negra na sociedade, na conquista de direitos, na “manutenção” da cultura negra em nossa sociedade, na conquista de cargos representativos municipais, estaduais e federais, na formulação e implementação de políticas públicas afirmativas voltadas para essa parcela população, que por muitos anos ficaram esquecidas da política brasileira, de uma forma geral. Assim como, a importância do movimento negro feminino, que enfrentou e enfrenta um preconceito ainda maior, uma vez que, além do preconceito racial enfrenta o preconceito por sexo, enfrenta o racismo e o sexismo, de uma sociedade voltada para o embranquecimento social, uma sociedade hierarquizada e paternalista, onde a mulher, em especial a negra, é desvalorizada e discriminada.
Tenho receio, ainda, de falar sobre o assunto e acabar por falar de forma discriminatória ou desrespeitosa em relação à população negra, então, logo, peço desculpas, se em alguma palavra ou frase me expressei mal ou deixei a entender alguma forma de preconceito.
DIGA NÃO AO RACISMO...NÃO SEJA RACISTA, E LEMBREM-SE É NOS PEQUENOS ATOS QUE PODEMOS FAZER A DIFERENÇA, SÃO NAS PEQUENAS PALAVRAS, NOS PEQUENOS ENSINAMENTOS QUE PODEMOS MUDAR A NOSSA SOCIEDADE.

Postado por: Ana Carolina

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